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Voluntária forma rede de solidariedade para apoiar produtor rural de Ibiúna e projetos sociais

Atualizado: 21 de jul. de 2021

A voluntária Karina Noguti se reuniu com amigos e familiares para ajudar a dar vazão aos alimentos plantados e colhidos pelo sr. Mori, sitiante de Ibiúna/SP, evitando o desperdício de alimentos no campo e criando uma rede de apoio e voluntariado para levar comida a quem passa fome.


Solidariedade que se planta, se cultiva e se colhe. Na Páscoa do ano passado, ainda no começo da pandemia, Karina Noguti ouviu falar pela primeira vez, sobre produtores rurais do interior de São Paulo que estavam perdendo alimentos, devido ao fechamento dos restaurantes, feiras de rua, escolas e comércio em geral.

Karina não tinha experiência prévia com esse universo, mas acabou obtendo o contato do sr. Mori, de Ibiúna, um produtor rural idoso, que cuida da mãe e estava sofrendo com muitas dificuldades para escoar a produção do sítio. Como não conseguia vender, os legumes, verduras e frutas estavam sendo descartados, virando adubo.

“Essa situação tocou o meu coração e percebi que poderia fazer algo”, comenta Karina. A primeira experiência de apoio ao sr. Mori foi na distribuição de quase 10 mil unidades de alho-poró, com ajuda da amiga Mariana Pelozio, chef do restaurante Duas Terezas, que usou suas redes sociais para anunciar a campanha.


“A gente não tinha experiência, mas fizemos acontecer! As entregas aconteciam aos sábados, eu cuidava do transporte, entrega e comunicação com o sr. Mori, voluntários e entidades beneficiadas, enquanto a Mari fazia a divulgação nas redes sociais e, gentilmente, cedia o salão do restaurante para ser o ponto de entrega. Os alimentos foram destinados a muitos projetos sociais, asilos, albergues, orfanatos, pessoas em situação de vulnerabilidade, a partir de doações (teve até doação vinda do Japão!) e, também, para consumo pelos voluntários”, recorda Karina.

Apoio online e físico

Enquanto essa rede de solidariedade online e física se formava, o sr. Mori vivia completamente fora do mundo virtual. Ele não tem site, e-mail e nem usa redes sociais, tanto que, para se comunicar com a Karina, ele precisa, até hoje, se deslocar até uma parte alta do sítio, pois da própria casa dele, não é possível acessar à Internet.

“Ele é muito grato pelo auxílio de todos, mas fica até difícil para ele entender a dimensão tomada pelo projeto, as pessoas e as entidades beneficiadas, daí eu mostro as fotos, compartilho as notícias com o sr. Mori, que, no início, ficou até com um pouco sem graça por receber tanto apoio de desconhecidos, mas depois entendeu que podemos destinar os alimentos para quem precisa e ajudar a manter o sítio, beneficiando muita gente!”, completa.


Depois de bastante conversa, bom humor e paciência, o sr. Mori compreendeu que pode receber ajuda quando precisar. Agora, quando algum feirante ou comerciante cancela uma encomenda, ele avisa a Karina, que, prontamente, se dispõe a lançar novas campanhas.

“É sempre uma alegria compartilhar com o sr. Mori fotos e vídeos de entregas de pratos e marmitas apetitosos e cestas de alimentos, com produtos do sítio, para pessoas em situação de vulnerabilidade, além de repassar os elogios que os voluntários fazem pela alta qualidade dos seus alimentos! E ele fica super realizado também!”, comenta.


Transparência e seriedade

Para a coordenadora do projeto, é essencial ter certeza de que os alimentos estão indo para entidades idôneas, que farão bom uso dos recursos. “É muita responsabilidade, pois são voluntários conhecidos e outros com quem eu só conversei virtualmente que ajudam a bancar as compras de alimentos do sr. Mori para fazer as doações e para consumo próprio, e lidar com o dinheiro das outras pessoas é algo que eu levo muito a sério”, relata.

O projeto já distribuiu mais de 15 toneladas de alimentos, e a chef Telma Shiraishi também tem sido uma grande apoiadora desde o início, indicando parceiros como os projetos Mesa Solidária e Quebrada Alimentada, pelo Movimento Água no Feijão. “Vocês têm sido ótimos parceiros na jornada, pois sozinho a gente não vai a lugar nenhum”, complementa.

O sr. Mori, até hoje, não entende direito a dimensão do projeto, mas está feliz e mais à vontade em ser um dos beneficiários, plantando e colhendo em seu sítio, e também ajudando, com trabalho, pessoas que perderam os seus empregos durante a pandemia. Os planos futuros incluem aumentar a rede de apoio e divulgar, com transparência, os projetos que estão sendo apoiados.

“É bonito ver como uma corrente de solidariedade foi criada, unindo as pontas, desde o produtor rural, até quem precisa de comida na mesa. Enquanto houver chance de continuar, vamos adiante!”, finaliza Karina. Para contribuir, entre em contato pelo e-mail: campanhaseumori@gmail.com.

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