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MANF: Confira a entrevista com a chef Telma Shiraishi para o jornal Nippak

Atualizado: 25 de jan. de 2021

Em dezembro, o Movimento Água no Feijão (MANF) realizou sua última ação, encerrando o projeto junto à comunidade de Heliópolis, em uma linda celebração de Natal. Durante os meses de maio a dezembro de 2020, foram 63.000 refeições distribuídas, sendo 27.560 produzidas no restaurante Aizomê; 22.440 pela cooperativa Ambrosia, em nossa cozinha comunitária; 2.000 pelo restaurante Mocotó (Quebrada Alimentada); 6.000 pela Gastromotiva e 5.000 pelo Mesa Solidária.

63.000 MARMITAS DISTRIBUÍDAS ✅ 27.560 produzidas no Aizomê ✅ 22.440 produzidas com a Cooperativa Ambrosia ✅ 2.000 pelo Restaurante Mocotó ✅ 6.000 pela Gastromotiva ✅ 5.000 pelo Mesa Solidária

Ainda em dezembro, a chef Telma Shiraishi, idealizadora do MANF, concedeu uma entrevista ao editor do Jornal Nippak, Aldo Shiguti, para falar sobre o encerramento do projeto. Confira abaixo a íntegra da conversa.


Aldo Shiguti: Não poderíamos começar sem que pedisse para você fazer um balanço do projeto...esperava que o projeto crescesse e ganhasse tantos parceiros?

Foi surpreendente como o projeto cresceu rápido e conquistou tanto engajamento em tão pouco tempo. Mesmo agora nós nos surpreendemos com o alcance e a mobilização, pois o esperado seria perdermos impacto junto aos apoiadores ou a força do voluntariado que se desgasta com o passar do tempo. Mas o movimento só cresceu e conquistou cada vez mais parceiros de peso e muitas pessoas que nos ajudam a manter o trabalho de vento em popa.

Com certeza um dos fatores do grande sucesso de nosso movimento foi a articulação de tantas competências em várias esferas diferentes: pessoas físicas, jurídicas, entidades e instituições. E tantos elos da cadeia unidos pela mesma causa: produtores, fornecedores, cozinheiros, administradores, articuladores, comunicadores, membros da comunidade... E eu fico particularmente orgulhosa ao ver tantos jovens engajados, contribuindo com dinamismo e novas formas de trabalho e de interação. Confesso que eu aprendo muito com eles e também rejuvenesço com sua energia e entusiasmo.


Aldo Shiguti: Inicialmente, este projeto era para ter duração de um mês, o que fez com que ele fosse estendido?

Começamos timidamente pois não tínhamos ideia no início da extensão da pandemia e do quanto conseguiríamos em termos de sustentabilidade. Só sabíamos que tínhamos que agir - e rápido. E continuar fazendo o que fosse possível. Chegamos a 8 meses de trabalho, e um projeto que só cresceu e também evoluiu. Enquanto o restaurante da Japan House estava fechado ao público fizemos lá as marmitas solidárias - centenas por dia, 7 dias por semana, durante 5 meses. Com a perspectiva de retorno das atividades do restaurante buscamos outra solução, e tudo se encaixou perfeitamente: a produção das refeições passou para a cooperativa de cozinheiras da própria comunidade assistida, gerando trabalho e oportunidades. Foi extremamente gratificante evoluir o projeto, de uma ação emergencial assistencialista para um movimento de empoderamento da própria comunidade de destino.


Aldo Shiguti: Mesmo sendo finalizado em dezembro, existe alguma possibilidade do MANF ser retomado futuramente? Talvez em outras comunidades ou quem sabe com novos parceiros?

Precisamos colocar as metas e nos organizar sempre com o peso da responsabilidade que assumimos, seja com a comunidade, seja com tantos que nos têm apoiado esses meses todos. Com a mudança do ano tivemos que tomar a difícil decisão de pôr um termo ao projeto como realizado até então. O Movimento Água no Feijão é a união de diversas entidades e instituições independentes, mas não tem organização instituída. Por isso encerraremos as atividades como assumidas em 2020 com o término do ano.

Mas nessa reta final conseguimos ainda, com muito orgulho, multiplicar a ação de fornecimento de marmitas solidárias, somando forças com outras ações parceiras como a Gastromotiva do David Hertz; o Quebrada Alimentada do chef Rodrigo Oliveira do restaurante Mocotó e sua esposa Adriana Salay - uma das grandes estudiosas da fome no Brasil; o Mesa Solidária do chef banqueteiro Viko Tangoda; além do apoio aos estudantes do projeto Gastronomia Periférica do chef Edson Leite. E isso só reforçou a vocação do Movimento Água no Feijão como articuladora de competências, como centralizadora de recursos e de captação de alimentos.


Aldo Shiguti: Qual o grande legado que fica?

Conseguimos alcançar outras comunidades e pessoas em dificuldades com esse novo desdobramento de nosso movimento. Em 2021 esperamos então continuar apoiando e distribuindo recursos para projetos de combate à fome, somando cada vez mais forças e multiplicando as frentes de atuação, ajudando onde for necessário com alimentos e capacidades.

O grande legado do movimento em 2020 é a força da união. Foi incrível essa grande rede de solidariedade iniciada no auge do isolamento. Apesar do distanciamento e das dificuldades provocadas pela pandemia, nunca estivemos tão conectados pelo coração e por um propósito que nos leva além de nossas limitações e próprios desafios. Com a união somamos forças e multiplicamos resultados.

Só posso agradecer muitíssimo a todos e tantos que nos acompanham nessa jornada incrível!

Acesse a matéria completa do Jornal Nippak clicando aqui.


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